WINGER – Hard Rock Cafe, RJ (16/10/2010)

Pela primeira vez no Brasil, a banda Winger levou um bom público ao Hard Rock Café, que com certeza saiu extasiado pela apresentação carismática dos norte-americanos. A produção do show merece parabéns porque foi uma grande emoção ver uma banda que gosto desde garoto e que achava que jamais teria oportunidade de ver ao vivo.

O show começou cedo, antes das 20h. Não teve banda de abertura e o público era formado em sua maioria por pessoas de 30 e poucos anos que frequentam pouco o undeground mas que jamais perderiam a chance única de ver uma banda que marcou suas vidas.

Estava tudo pronto para o início do show, a galera já vibrava forte, vieram os primeiros acordes mas rolou um problema no som. Então, uma pausa de 15 minutos para que tudo fosse ajeitado e consertado.

Agora sim, era pra valer! Winger no palco! Abriram com a ótima “Pull Me Under” do último álbum “Karma”, que por sinal é um grande disco. O som era pesado, agitado e Kip cantava com raça. Emendaram com “Blind Revolution Mad”, som do álbum “Pull”. O público cantou forte o refrão e o show começava a esquentar. O guitarrista John Roth, que substituiu Paul Taylor em 93, arrebentou na guitarra. Foi uma ótima surpresa para quem achava que ele só iria fazer base. Tocou muito, solou animalmente e ainda fez excelentes backing vocals.

Tudo pegou fogo quando veio a terceira música: a clássica “Easy Come, Easy Go”. Minha favorita! A platéia foi ao delírio. Letra excepcional, que mostra os altos e baixos da vida, mas com uma visão positiva, de força e de jamais deixar se abater. O som estava com afinação a baixo do normal e acabou ficando com um peso maior do que a versão original. Aliás, foi assim de uma forma geral: peso, pegada e garra.

“Stone Cold Killer”, outra música mais recente, veio em seguida. Ela tem uma levada rocker super empolgante. Kip arregaçou tudo cantando esse petardo. Quem não conhecia o último álbum, ficou com uma ótima impressão.

A maravilhosa “Rainbow In The Rose” do disco “In The Heart Of The Young” deixou todos emocionados. Rod Morgenstein mostrou o motivo pelo qual é considerado um dos melhores bateristas de todos os tempos: técnica apuradíssima, quebradas de andamento, caras e bocas… sensacional! Reb Beach também solou muito nela. A guitarra de intro é linda, o solo é marcante.

“Deal with the Devil”, na minha opinião, a melhor música nova deles, deixou o clima fervendo com sua pegada alucinante. Letra divertida que cita Elvis, Beatles, Stones e um pacto com o diabo para vencer no mundo do rock´n´roll! (risos) Relembrando o rock divertido que faziam nos anos 80. Maravilhoso!

“Down Incognito”, mais uma do “Pull”, teve ótima aceitação do público. Todos cantando o refrão e curtindo Reb tocar uma gaita perfeita. Amo esse som. Logo depois, tocaram “Your Great Escape”, única música do álbum “IV” executada na noite. Para mim, é a melhor desse disco. Rápida, empolgante, bom refrão, vocal forte, solo rasgando. Foi foda.

Chegou a hora que muitos aguardavam: o solo do Reb Beach. Humilhou! Velocidade, feeling, caretas, harmônicos. Reb é o cara! Marcou época e foi um dos melhores guitarristas surgidos nos anos 80.

“You Are The Saint, I Am The Sinner” foi o próximo som. Música dançante, com refrão “farofa” mesclado com andamentos quebrados e backing vocals em levada difícil de se fazer. Só mesmo o Winger para tocar um som desse. Ao mesmo tempo, põe a mulherada para dançar, os bêbados para cantar junto e os músicos para admirarem o entrosamento deles na execução das harmonias.

Aí… veio o solo de Rod Morgenstein! Qualquer coisa que eu diga ainda será pouco para elogiá-lo. Talvez o baterista mais completo de toda a cena americana das “hairbands”. Se você é baterista e nunca ouviu Rod tocar, está perdendo tempo, pois é uma das melhores influências que pode ter como baterista.

“Headed For A Heartbreak” foi emocionate. Clássico do primeiro álbum, levada linda, letra linda. Kip sentou e tocou seu teclado hipnotizante, que junto com a cadência de Rod, dão a ela um clima único e especial. Foi dos momentos mais belos do show. O solo de Reb no final também é magnífico. Não poderia ter ficado de fora.

A festa tomou conta da casa em “Can´t Get Enuff”. Kip Winger solto no palco, rodando com o baixo. Em certos momentos você até pensava que ele arriscaria um chute no ar como nos velhos tempos, mas aí já era sonhar demais. (risos) Ele não tem mais corpo para isso, mas vontade ele teve, tamanha era a felicidade na hora dela.

A festa parou? Claro que não! “Seventeen” fez o Hard Rock ferver. Letra descontraída e solo animalesco de Reb Beach! Dizer que a levada de Rod é coisa de gênio, seria chover no molhado.

A banda se despede. Todos gritam “Winger” e eles voltam. Kip, ao teclado, começa o maior hit da carreira deles: “Miles Away”. Todos os presentes cantaram palavra por palavra. Foi emocionante, lágrimas escorreram. Já tinha visto Kip tocá-la de forma acústica, mas com teclado e a banda acompanhando é muito melhor. Inesquecível. Muitos aplausos.

Os primeiros acordes da próxima música e o berro de Kip entregaram: “Madalaine”. Primeira música do primeiro disco. Alegria de todos. Kip adora fazer o público cantar o coro do refrão dela e nesse show não foi diferente. O solo de Reb é coisa de outro mundo. Missão cumprida, showzaço, mas eles ainda tinham mais uma carta na manga.

Kip disse que tocariam a seguir uma música da primeira banda de rock que ele ouviu na vida, os Beatles. O riff de “Helter Skelter” fez a alegria dos presentes. Ficou pesada e empolgante. Era o fim de um show maravilhoso. Daqueles que ou você vê, ou nunca mais, porque a chance de uma banda como eles voltar aqui é sempre bem difícil.

Após o show, todos os integrantes foram super simpáticos e atenderam cada fã. Fotos e autógrafos. Sempre com bom humor e simpatia. Um grande exemplo a ser seguido. Noite memorável!

TextoThiê Rock
FotosAdriana Mendes

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