Tom de Castro: levando a fundo o espírito emocionante do skate punk de Social Breakdown

O Social Breakdown lançou em todas as plataformas de streaming pelo selo Electric Funeral Records, o EP intitulado “Just My Lazy Way To Be”.

A banda foi formada no começo de 2016 com o intuito de fazer rock e navegando pelas influências de cada um de seus integrantes, acabou resultando num punk rock/skate punk com algumas pitadas de rock alternativo.

O novo material da banda resulta em quatro músicas com muita energia, melodias e agressividade, culminando em um caldeirão sonoro cheio de personalidade.

Tom de Castro (vocal e baixo) demonstra toda sua emoção ao se conectar com o público e ao compor de forma empolgante, levando a fundo o espírito emocionante do skate punk. Essa união entre energia, diversão e resistência alcança uma música única e de impacto. Abaixo, uma entrevista cedida com o frontman do Social Breakdown sobre sua trajetória na música, backline, processo de composição, influências musicais e outras curiosidades.

Você e o Social Breakdown apresentam uma sintonia e criatividade intensa. Como funciona a parceria de vocês como músicos e amigos dentro do projeto? Como a banda começou?

A banda começou como um projeto de apenas nos divertirmos fazendo um som, eu e o Bizarro (guitarrista) já nos conhecemos desde 2007, ambos somos da baixada santista, quando tivemos uma banda juntos por lá, chamada The Mystery Box de 2007 até 2009, e quando retomamos contato em 2015 surgiu a ideia de voltarmos a tocar. Ele conhecia o Thiago (outro guitarrista) que conhecia o Leandro (baterista), com quem já havia tocado junto, e assim entre idas e vindas de baixistas na banda sempre nos mantivemos neste núcleo trocando idéias de composições e sons e criamos uma irmandade, entre nós onde todos têm o direito de opinar e testar algo que ache interessante nas músicas dentro das suas próprias influências.

Dentro do cenário do rock, punk rock e skate punk brasileiro, você costuma acompanhar quais bandas nacionais? E sobre as estrangeiras, alguma atual que tenha lhe chamado a atenção ultimamente?

Eu costumo ouvir desde sempre muito o já consagrado Garage Fuzz, que pra mim é uma referência em composições e linhas melódicas tanto instrumental quanto vocal e é um dos bastiões do Hardcore nacional. Na linha mais punk rock eu sou muito fã do Bombers de Santos que desde os anos 90 estão aí e lançando material novo e melhor ainda que o antigo. Além dos meus conterrâneos do Guarujá, o Old Rust que leva uma linha de experimentação entre o hardcore e o rock alternativo que também me agrada muito. Das bandas estrangeiras a que mais me chamou atenção foi a Not on tour, uma banda israelita com vocal feminino que lembra muito as bandas da cena do hardcore californiano dos anos 90 que sou muito fã.

Que dica você daria a músicos brasileiros da cena, que têm medo de experimentar e inventar coisas novas em suas músicas?

Eu acredito que cada um tem a sua linha de raciocínio quando pensa musicalmente e os músicos em geral do nicho de punk/hardcore tem um certo receio de experimentar algo que fuja um pouco do convencional, ou da proposta inicial da banda, por isso acabam criando muitas amarras nas composições, e a única dica que eu poderia dar é a de que a vida é uma só pra ficar ligando sobre o que vão achar se fizer isso ou aquilo diferente. Gosta de ska? Faça uma música com levada de ska. Gosta de Black Sabbath? Faça uma música mais “riffada”. Uma composição que você se baseie em algo diferente do comum já basta pra te dar uma satisfação pessoal.

Quais são as suas maiores influências musicais? Pra você qual é o maior frontman de todos os tempos?

Minha banda favorita de todos os tempos é Alice in Chains. Eu sempre fui influenciado por bandas em que os vocalistas se doam ao máximo na execução das músicas, mas dentro do punk/hardcore eu sempre fui muito influenciado, até para compor, pelas bandas de hardcore californiano dos anos 90 como Face to Face, Nofx, Pennywise, Bad Religion, etc. Com relação a frontman, lógico que tem os que todo mundo concorda no rock como Freddy Mercury, Bruce Dickinson, Ozzy, esses são os Pelés do cargo. Mas o frontman que mais me impressionou que eu vi pessoalmente é tanto na questão carisma, de ter o público na mão, quanto na execução de tocar baixo e cantar, por incrível que pareça foi o Mike Herrera do MxPx.

Suas linha vocal demonstra criatividade e veemência. Você sempre compõe e cria as linhas vocais das músicas pensando de forma analítica ou elas acabam saindo naturalmente desse jeito?

Principalmente nas músicas que eu componho na banda, eu já vou compondo a base pensando na linha melódica do vocal enquanto estou escrevendo a letra, porém isso não me impede de conforme a música vai evoluindo de ir moldando isso para encaixar na música de maneira que soe mais natural, ou seja, eu tenho meio que um foco do que eu quero mas não quer dizer que eu não adapte isso até a versão final.

Como a música surgiu em sua vida?

Eu não venho de uma família musicista nem rockeira, fui descobrindo as coisas meio que sozinho e meio por amigos que me apresentaram alguns sons, aí fui desbravando as bandas clássicas primeiro, Iron Maiden, Metallica, Offspring, Ramones, Beatles e assim surgiu a vontade de aprender a tocar algum instrumento. Comecei com o violão onde fiz aulas de violão clássico onde cheguei até a tocar na orquestra de violão de Santos do maestro Manzioni. Quando fiz 15 anos ganhei minha primeira guitarra e pude começar a tocar os sons que eu realmente gostava de ouvir, lembro que a minha primeira “banda” tocamos Offspring, Dead Fish, Pennywise mas não passou de alguns ensaios porém a vontade de tocar ficou desde então.

Qual foi o melhor show da história do Social Breakdown para você? conta pra gente.

Pessoalmente tenho 2 memoráveis: o primeiro quando fomos tocar em ilha comprida, num skate hostel, onde desde o dono até a galera nos recebeu de braços abertos e o palco ficava de frente pro bowl e imaginamos antes de tocar que a galera ia ficar andando de skate enquanto tocassem, mas na hora todo mundo estava prestando atenção às nossas músicas e cantando junto e o próprio pessoal de lá disse que queriam nos ver mais que andar de skate, isso pra mim foi um baita elogio que carrego até hoje. O segundo foi no Underground Club em São Paulo o qual tocamos diversas vezes, mas em uma delas tocamos com uma galera de Jundiaí a qual tínhamos feito amizade da vez que tocamos lá e o pessoal agitou como se fosse o último show do mundo ali, foi uma sensação inesquecível.

Qual é a sua faixa favorita da banda?

Eu diria Another Lie, porque ao meu ver foi uma música em que eu consegui exprimir tanto instrumentalmente quanto na parte vocal exatamente o que eu esperava e queria, além da letra ser de algo totalmente pessoal pra mim, eu meio que estou contando uma história que aconteceu comigo.

Quais os planos para 2021? Alguma previsão de lançar material inédito?

Primeiramente que tudo volte ao normal para todos com a vacina. Estivemos trabalhando na pré-produção do nosso próximo material, temos músicas que estamos confiantes que mostrará uma evolução da banda e esperamos gravá-las agora em 2021 assim que for possível fazê-lo.

Como está sendo pra banda ver esse feedback tão positivo da mídia internacional com o EP “Just My Lazy Way To Be”?

Está sendo muito gratificante ver que as nossas músicas estão alcançando pessoas em outros lugares do mundo e estão sendo bem recebidas. Isso faz valer a pena todo trabalho e fritação de miolos pra bolar algo que soasse original e ao mesmo tempo soasse como uma fase que gostamos tanto do rock, os anos 90, e nos motiva a continuar seguindo e evoluindo, tentando subir um degrau por vez, sem atalhos e sem pisar na cabeça de ninguém.

FONTE: Collapse Agency

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