Dia 16 de abril de 2010! Esta data ficará marcada para sempre no coração dos punk rockers cariocas. O Circo Voador viu um dos shows mais lendários dos últimos anos, com toda certeza. A banda californiana Social Distortion, liderada pelo guitarrista e vocalista Mike Ness tocou aqui pela primeira vez e a emoção nos rostos dos fãs presentes era evidente.
Eu, particularmente, estava muito ansioso pelo show, pois vejo que o Social é uma banda que deu novos padrões ao punk rock. Além da fúria e da agressividade do estilo, eles acrescentaram rockabilly, blues e country rock e são influências diretas de diversas bandas atuais de punk e até mesmo de outras que têm inspiração na coisa, mas não são exatamente punk, como o Backyard Babies, por exemplo.
Cheguei cedo, mas infelizmente perdi o show da banda de abertura Carbona, por culpa de uma falta de comunicação da produção do show, que não deixou os nomes da equipe do Rock Zone na lista de Imprensa. Mas do lado de fora, deu para perceber que o show foi na pressão. Depois de um pouquinho de dor de cabeça e muito esforço por parte dos responsáveis pelo site, finalmente pude entrar.
O público compareceu em bom número e a banda já entrou desfilando clássicos como Bad Luck, Bye Bye Baby, Another State Of Mind e Mommy’s Little Monster. Nessa última, Mike chegou a tropeçar e cair no palco e solou a sua guitarra no chão com muita raça, arrancando aplausos dos fãs.
Sick Boys foi um dos pontos altos do show, cantada por todos, que pareciam esperar anos por aquele momento. A acelerada “Reach For The Sky” fez o Circo pegar fogo de vez, com uma roda punk bem animada.
“Ball & Chain” foi meu momento favorito do show, minha música preferida da banda. Público cantando junto, batendo palmas e Mike, visivelmente feliz, agradecendo e dizendo o quanto amava o Rio e o calor humano dos cariocas. “Sometimes I Do” tem aquele ritmo marcante onde todos dançam e cantam junto e muitos se arriscaram em um “body surfin”. A alegria do público era contagiante e “Nickels & Dimes” fechou a primeira parte do show de forma bem furiosa.
Todos sabiam que a banda voltaria para o bis. Mike volta e num momento engraçado do show, puxa seu pente verde e penteia o cabelo, cuidadosamente emplastado de gel. O Social nos brindou com uma ótima música nova, chamada “Still Alive” de um prometido álbum que está para sair do forno.
Antes de anunciar “Prison Bound”, Mike diz que não se lembra ao certo o ano de quando ela foi feita e brinca dizendo que o esquecimento se deu ao consumo de drogas. Clássico absoluto. Teve grande recepção, todos cantaram e a alegria era geral na noite.
Mas faltava uma música. A grande versão que eles fizeram para o hino “Ring Of Fire” de Johnny Cash. Não poderia rolar show do Social sem ela, e o público aguardava ansiosamente. Mike introduziu ironicamente, dizendo que o próximo som se tratava de uma música romântica. Mas ao som dos primeiros acordes, o Circo enlouqueceu e a pancadaria rolou solta na maior roda da noite!
Fim de show, todos felizes e satisfeitos, pois sabiam que tinham participado de um show histórico. Valeu a pena esperarem 20 anos. Provavelmente, o melhor show de punk rock que eu presenciei desde o show de despedida dos Ramones.
Fotos e Texto: Thiê Rock