Hard Point mostra qualidades com som pesado no disco “Can You Hear It?”

A banda Hard Point segue promovendo seu EP de estréia intitulado “Can You Hear It?”.

As composições da banda transitam por vários estilos, destacando-se a influência do stoner rock, do metal alternativo e do grunge. A mensagem que a Hard Point propaga se encontra dentro do “mal-estar” da modernidade que o próprio nome da banda já anuncia.

O título ” Can you heart it?” se apresenta como um trocadilho: você consegue ouvir isso? O “isso” ou “it”, em inglês, pode se referir tanto ao EP, às músicas, à banda, quanto a algo mais… como as vozes da cabeça de todos nós. Ainda nessa temática encontramos na capa do EP (produzida pelo artista Rodrigo Efez) a imagem de uma figura atordoada, com os braços cruzados, dando a impressão de incômodo. A cidade ao fundo da capa faz também parte da estética da banda que se assume dentro dessa perspectiva mais urbana.

Confira a entrevista cedida com a banda sobre sua trajetória, processo de composição e gravação, influências musicais, entre outras curiosidades.

De onde surgiu o nome “Hard point”?

O nome da banda veio da proposta de que gostaríamos de apresentar em nossas letras questões complicadas para a sociedade. Temas difíceis de lidar, pessoas desajustadas, questões pessoais mal resolvidas ou até mesmo o mal-estar tecnológico que vivemos no nosso dia a dia. Cogitamos chamar de “Hard Question”…uma pergunta/questão difícil. Mas a palavra “point” remete também ao ponto de vista e por ser mais abrangente (e sonoro), preferimos ir por essa direção. Trabalhar com mais de uma forma de ver o mundo é um ponto central para esse projeto.

Como se deu o surgimento da banda?

A banda surgiu do fim de outras duas bandas. Igor Pinguim era baterista da Urgia e dos Dashing Geeks. Com a parada de ambos os projetos e com a intenção de fazer um som mais pesado (e bem diferente dos outros trabalhos), ele se uniu ao vocalista da Urgia, Thiago Cianci, e ao guitarrista da Dashing Geeks, Alex Carvalho, para tentar essa nova proposta. Passamos mais de um ano montando a banda, trocando os músicos, construindo nossa identidade visual, compondo e discutindo as músicas. Nesse percurso conhecemos Alexandre Kabutt, nosso segundo guitarrista, através de um grupo de facebook. Ele nos acompanha desde então e é peça fundamental. Ao final dessa trajetória gravamos um ep chamado “Can You Hear It?” e lançamos o clipe de uma música para apresentar nosso som. Poucas semanas depois veio a pandemia e, com isso, nova alteração nos integrantes da banda. Hoje, sem teclado, a banda incorporou o antigo baixista da Dashing Geeks em sua formação, Emerson Meme, e o vocalista da Brvto Amor, Emanuel Morais.

A banda lançou recentemente um EP. Como foi o processo de composição e gravação desse material?

O processo de composição da banda costuma ser muito rápido. Alguns artistas têm dificuldade de construir novas ideias musicais. Nós mesmos já passamos por isso em outros projetos…mas definitivamente esse não é um problema pra Hard Point. Geralmente algum dos guitarristas traz um riff e a banda trabalha a música tendo isso como base. As letras costumam ser escritas pelo baterista e discutidas em conjunto e o arranjo é sempre feito ao vivo através de muitos ensaios. Raramente alguém já traz a música “formatada” e “pronta”. A gravação foi feita com Rodrigo Miguez, do estúdio Mira. Foi um processo bem tranquilo, como é o estilo do produtor, que costuma deixar todo mundo à vontade para opinar. É sempre um enorme prazer produzir música com quem acredita no trabalho e joga muita energia para tudo dar certo.

O disco lançado foi muito bem recebido pela mídia especializada nacional e internacional. Como a banda está vendo esse feedback tão positivo do material lançado?

Não há felicidade maior para a gente do que ter seu trabalho reconhecido. A ideia de cantar em inglês, inclusive, é para chegar em mais gente. Além de ser uma língua que é sonoramente interessante para nosso estilo. Só temos a agradecer e prometer que isso é só inicio.

Suas músicas demonstram intensidade e entrega por parte da banda. Existe alguma composição que seja mais especial para vocês?

Do nosso primeiro EP a primeira música que compusemos foi “No Blood”. Acho que por ter sido a primeira música que fizemos, por ter um clipe que gostamos muito e por ter uma pegada bem visceral, ela tem seu espaço de destaque para nós. Mas, apesar disso, é como se pedissem para escolher dentre vários filhos qual é seu favorito. Na real, todos são.

Quais as bandas e fontes artísticas que inspiram o som da banda?

O som da Hard Point tem influências diversas. Tanto que nosso EP tem uma música mais grooveada (Not What I Wanted) que algumas pessoas acham que lembra Limp Bizkit. Outra música tem uma atmosfera mais pesada, com um backing-vocal (feito numa quarta justa) que lembra muito Alice in Chains (No Blood) e a sonoridade grunge da época da banda. E outra música (The Reckoning), de ritmo mais acelerado, que tem uma pegada voltada para o Queens of the Stone Age. Fizemos também uma versão da banda Depeche Mode (“Wrong”) que tem letras que dialogam muito com a temática da banda. Gostamos de nos chamar de uma banda de Stoner Rock e temos isso como referência, mas a verdade é que somos uma banda que se propõe a tocar os sons que cria e acha interessante… isso tudo dentro da proposta temática das letras e de fazer um som pesado.

Como vocês estão lidando com a pandemia de covid 19? Que tipo de interação a banda está tendo com o público nesse momento de quarentena?

Durante a pandemia continuamos compondo. Nós falamos com muita frequência, quase todos os dias. Gravamos alguns vídeos tocando juntos (cada um na sua própria casa) e de vez em quando nos encontramos para ensaiar com os devidos cuidados. Estamos sempre ouvindo nosso público quanto a que tipo de interação podemos ter com eles. Músicas novas, debates sobre bandas ou cds que a galera curte… tentamos focar sempre no lado artístico.

Podemos esperar clipe ou material inédito em breve?

Sim! Estamos planejando lançar mês que vem, em abril, um single chamado “God Talking” e esperamos conseguir dar conta do clipe dessa música ainda durante a pandemia. É uma música que fala sobre mal-estar tecnológico e estamos muito animados em lançá-la nesse momento em que estamos todos conectados o tempo inteiro em nossas casas. Tudo é online. Será que isso é tão bom quanto dizem? Essa é nossa “questão difícil” para vocês, agora.

Quais os planos para 2021?

Vamos gravar mais um ep de 4 músicas e estamos discutindo fazer uma versão de uma banda clássica que nos influencia. Como não temos expectativa de voltar aos palcos por enquanto, estamos deixando isso para avaliar mais pra frente. Mas é claro que, se for possível, voltaremos a tocar amanhã no primeiro show que aparecer.

FONTE: Collapse Agency

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