Fratura lança EP que mistura riffs de doom, punk e a misantropia do Black Metal

A banda de um homem só, FRATURA, iniciou os trabalhos em 2020, gravando o seu debut “Corposeco”, que atraiu a atenção do público, pelo trabalho cru e distorcido.

Agora o Fratura lança pelo selo Electric Funeral Records o EP “Orff Infernalis” ainda mais obscuro, esquizofrênico e pesado com uma linha mais definida e contando com algumas surpresas.

Uma mistura entre os riffs arrastados do doom, a velocidade clássica do punk com o ódio e misantropia do Black Metal, nas letras. Um passeio sobre os diferentes elementos que pertencem à música extrema e que geram um álbum equilibrado (velocidade, cadência, brutalidade, atmosferas densas).

O play conta com 7 músicas próprias e inéditas. A música que abre o álbum, “Diabolical Spell”, já dá a noção do que há por vir. Uma introdução marcada com uma linha clássica de riffs beirando o Thrash, uma bateria segura e firme, uma letra sangrenta. Verdadeira paulada! Quem gosta de bandas como English Dogs, Broken Bones, Anti-Cimex vai sentir a chamada.

Na sequência, a faixa “How They Born” traz uma pegada clássica lembrando muito os primórdios da segunda onda do Black Metal. A guitarra mais dissonante que traz uma atmosfera sinistra, com uma letra que facilmente muitos irão se identificar.

O terceiro som, “Metranca”, é uma homenagem ao Sarcofago! Sem o Sarcofago, o Black Metal não seria o que é hoje, simples assim. A linha de bateria baseada no blast beat, que soa como uma metralhadora, desenvolvida e batizada de Metranca por D.D.Crazy, norteou os bateristas da cena na época e ajudou a desenvolver tudo o que há hoje no metal extremo. Sarcofago é uma influência fundamental no trabalho do Fratura, por isso essa homenagem foi garantida. Um verdadeiro fuzilamento sonoro.

“Ancient Black Magic” tem uma letra que remete às práticas ocultas dos tempos passados, os 72 demônios aprisionados pelo rei Salomão. Quem já ouviu em falar em Goetia, vai saber do que se trata. Deus é tão assustador quanto o diabo. Na parte instrumental, um metal punk de responsa.

Na sequência, a música que dá o nome ao disco, “Orff Infernalis”, em latim “Inferno Desconhecido”. Um clássico Doom com o ganho da guitarra no máximo. No fim da faixa tem uma singela homenagem à Pelle Ohlin (Dead), ex vocalista do Morbid e do Mayhem, uma grande influência vocal, que serviu de parâmetro não só pro Fratura, mas como para boa parte do metal extremo.

“Evil Encarnated In Us” é a próxima faixa, que do começo ao fim tem uma intensidade forte sem deixar cair a pegada, com um refrão pesado e desconcertante. Sinta-se como se estivesse com uma bola de fogo nas entranhas! Afinal, o mal encarnado em nós, nada mais é que nossa própria natureza sendo invocada em sua maneira mais pura.

Encerrando o play um final digno com “Triumphant Ending”. Um começo brutal fazendo a transição para a densidade melancólica do BM, quase um DSBM, assim como na letra. Escutem com moderação.

Quem curtiu o trabalho do Fratura em “Corposeco”, vai notar o amadurecimento musical nesse novo play. Fratura não tem as chaves das portas do inferno, mas te ajuda a pular o muro. Todo o EP foi gravado e mixado em home studio, repetindo a receita do primeiro álbum. Isso dá o tempero fundamental ao trabalho buscado, que com certeza vai agradar os ouvidos dos amantes da dissonância, da sujeira, do extremo e da escuridão. Vale muito a pena experimentar essa viagem!

FONTE: @collapseagency

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