Entrevista com David Ramay
Hoje irei entrevistar um dos guitarristas mais talentosos do Brasil: Davis Ramay!
1 – Na última quinta-feira, você fez participação no show do Joe Lynn Turner, dividindo o palco mais uma vez com ele. Fale sobre a experiência de ter feito uma turnê com o mestre Joe e sobre a amizade que vocês cultivaram com isso.
Davis Ramay: É verdade, eu lembro bem dessas dias. (risos)
Bom, a personalidade do Ted é muito parecida com a do Joe, exceto pelo ar de “casa nova’’ do Joe, que é inigualável. Ted é super divertido e engraçado também. Ele não pára um segundo, está sempre falando e sacaneando alguém. Além disso, Ted tem um coração de ouro e é um cara muito sentimental. Se você fala alguma coisa bonita pra ele, ele se derrete em lágrimas. Costumo dizer que o Ted é meu pai no meio musical pois ele foi o ponto de partida para vários outros projetos meus, afinal de contas eu estava com vontade de abandonar a guitarra naquela época.
Hoje, estou atarefado com muitas coisas e infelizmente ainda não tenho nada planejado com o Ted. Com certeza, Danger Danger não é uma possibilidade, mas quem sabe, né? 10 anos atrás eu achava que nunca nem veria o Ted no Brasil.
3 – Você estava gravando com o Danny Vaughn do Tyketto. Existe previsão para o lançamento desse material? Sei que ele é um cara muito gente boa e que vocês geraram uma grande amizade também. Pelo que conheço do seu gosto e forma de tocar, acho que se encaixaria como uma luva na banda após a saída do guitarrista Brooke St. James. Seria sonhar muito?
SIM! É verdade! Rolou essa oportunidade de eu tocar no Tyketto. Michael, baterista da banda, disse ao meu antigo manager, que Brooke havia deixado a banda e que eles estavam sem guitarrista. Michael perguntou se ele conhecia alguém, meu manager se prontificou e disse: “Sim! Claro que conheço!’’. Eu já conhecia o Michael, mas ele nunca tinha me visto tocar. Mandamos alguns vídeos, ele gostou bastante e disse que por ele a resposta era sim, mas que ia falar com os outros. Duas semanas se passaram e recebemos um e-mail dizendo que eu seria o cara perfeito, mas eu morava muito longe e seria muito difícil me levar para lá toda vez que tivesse show, que eles também precisavam de alguém que pudesse ficar mais tempo com eles para poder compor, coisa que eu não poderia fazer na época. Então a resposta foi não! Fica pra próxima. (risos) Brooke acabou sendo substituído pelo guitarrista PJ Zitarosa, que já havia tocado com Danny e Michael no Vaughn.
Davis Ramay: Desespero!!! (risos) Tony sabia que era meu ídolo de infância e toda vez que eu ia fazer um solo, ele grudava a cara na minha guitarra e ficava olhando bem sério. Minha mão tremia e se eu fizesse algo errado ele começava a rir.
Foi uma emoção sem igual. Imagina que quando eu tinha 12 anos de idade, eu ficava de frente ao espelho fingindo ser o Iommi, escutava esses álbuns 24 horas por dia e de repente eu estava no palco com o cara que cantou as músicas que embalaram minha infância, e pra completar com um baterista monstruoso como o Danny. É indescritível! Nem que eu tentasse muito eu conseguiria descrever.
5 – Que outros artistas internacionais você tocou? Como foram os shows?
Davis Ramay: Dividi o palco com Andy Robbins, ex-baixista de uma banda que eu adoro, a Holy Soldier; Gary King, ex-baterista do Paul Mcartney, Jeff Beck, Alice Cooper, etc. John Lawton, ex-vocalista do Lucifer’s Friends e Uriah Heep, e pra finalizar, Andy Timmons, guitarrista solo e ex-Danger Danger. Que eu me lembre agora, só esses.
Com o John foi ótimo e apesar dele ter vindo com a mulher, foi uma das tours mais descontraídas de todas, foi uma grande farra… Tava todo mundo relaxado e preparado, diferente das demais tours. Mas o que mais me impressionou, foi o tanto que ele fuma e o tanto que ele bebe antes dos shows e na hora do show, aquela voz impecável… Uau!
Andy Robbins e Gary, eu dividi o palco com eles como convidado em duas ocasiões como guest. Posso dizer, pelo pouco que conheço, que Gary e Andy são as pessoas com mais bom coração e boa vontade que eu já conheci no rock´n´roll. Tenho orgulho de dizer que os conheço.
Andy Timmons foi um show de reunião com Ted Poley em São Paulo, e o clima foi o mesmo clima descontraído de sempre. Ele é tão boa gente quanto toca guitarra!
6 – Atualmente você está gravando com o vocalista Rodrigo Rossi, que tem um nome forte em eventos de anime por fazer trilha sonora para o desenho “Cavaleiros do Zodíaco”. Como estão as músicas do projeto? Você tocará nos eventos de anime com ele?
Sim! Sem dúvida estarei nos próximos eventos de anime com ele e estou muito empolgado pra isso, nunca fiz nada parecido, com certeza será mais uma experiência inesquecível, pois sou fã do anime.
7 – Você tocou no festival “Hard In Rio” com a “M.A.S.T.E.R.S.”, abrindo os shows do Ted Poley e do Firehouse. Foi uma performance matadora, talvez o melhor show seu que eu já tenha visto. Todos achavam que a banda duraria, pois músicas próprias foram executadas durante a apresentação. Fale sobre aquele show. O que determinou o fim da banda?
Davis Ramay: Engraçado você dizer isso, na realidade eu achei que foi um dos piores shows que eu fiz em termos de execução.
Sobre a M.A.S.T.E.R.S?! Bom, posso dizer que rolou incompatibilidade de direcionamento, a banda se dividiu e eu segui o lado que decidiu sair do projeto.
8 – No início dos anos 2000, você fez parte da banda de metal “Nordheim”. Fale sobre o material lançado e sobre a época mais “true metal” da sua carreira.
Época em que as pessoas lotavam o Garage pra ver uma banda autoral e davam força a isso. Não me lembro de ter tocado pra menos de 400 pessoas nessa época. O mais legal era que as pessoas cantavam as músicas que nunca tinham sido gravadas. (risos) Era o máximo!
Acredito que nessa época, nós tínhamos o que havia de melhor em termos de heavy metal tradicional nacional, a banda tinha tudo para dar certo, boas músicas, refrões grudentos, uma gravação digna, um fã clube japonês, bom visual, pessoas sempre interessadas em shows…
Mas… o manager se meteu demais, o ego de alguns subiu demais e 5 membros (incluindo eu) foram embora da banda e a partir daí eu não soube de mais nada a respeito.
9 – Você começou a se destacar no cenário rock/metal na banda cover de Iron Maiden “The Trooper”, que marcou história no Rio de Janeiro. Shows lotados no Garage ficaram na memória. Quais lembranças você tem daquela época? Existe a possibilidade de reunir a banda para um último show?
10 – Mande um recado final para os leitores do Rock Zone. Onde os rockers que ainda não conhecem seu trabalho, podem conferi-lo?
Que os produtores vão ficar fazendo balada rock´n´roll pra ir meia dúzia de pessoas?
Não basta dizer que é rocker… tem que comparecer, tem que participar, tem que ajudar, tem que manter a parada viva, porque daqui a pouco não sobra nada pra nós.
Então, vá às festas! Vá aos shows! Economize na birita, porque show é barato, balada rock´n´roll é barato.
Mas fica aí o endereço: http://www.myspace.com/theramayband