CRASHDIET – Teatro Odisséia, RJ (03/10/2010)

O Teatro Odisséia, no Rio de Janeiro, recebeu nesse último domingo a banda de hard rock mais importante da última década: Crashdïet!

O último álbum, Generation Wild, lançado nesse ano, é excelente, e conta com a estréia promissora do vocalista Simon Cruz. Com isso, a expectativa dos fãs pelo show da nova turnê era grande.

Eles já tinham tocado no Brasil em 2008, num show matador, com o vocalista anterior Oliver Twisted, mas só passaram por São Paulo. Dessa vez, os suecos estavam pela primeira vez na Cidade Maravilhosa e muitos tiveram a chance de finalmente ver seus ídolos de perto.

Um bom público compareceu ao show, superando alguns contratempos, como o dia chuvoso e a eleição.

Eu acompanho os caras desde o início. Lembro de quando lançaram o primeiro álbum e viraram sensação no underground. Nenhuma banda de hard rock nos anos 2000 foi tão influente com a garotada. Caminhando pelo show, dava para perceber nas roupas e nos cabelos dos fãs, que realmente se inspiram neles e trazem aquilo como estilo de vida. É só olhar em volta e pensar em quantas bandas o Crash influenciou nos últimos anos, seja em termos de som, visual ou atitude.

O show começou com a rápida e empolgante “Down With The Dust”, do último álbum, e logo em seguida veio “So Alive”. A banda era coesa e forte no palco. O entrosamento de Martin Sweet, Peter London e Eric Young é resultado de anos de estrada juntos.

Simon Cruz passou na prova do palco e agradou em cheio aos fãs antigos. O cara tem um visual animal e uma presença de palco visceral. Ele combinou totalmente com a banda. É como se tivesse iniciado com eles. E não vacila e nem deixa a desejar nas músicas antigas. Comprovamos isso em “In The Raw”, primeiro momento mágico do show, com o público agitando bastante e cantando o refrão junto. Início sensacional com três músicas fortes, sem tempo para respirar.

“Native Nature” veio em seguida, chutando bundas. Música pesada e com bom refrão. O riff dela me lembra o de “Uncle Tom´s Cabin” do Warrant. Grande som do Generation Wild. Emendaram com “Falling Rain”, uma das favoritas dos fãs, que pertence ao segundo álbum, “The Unattractive Revolution”.

“Riot In Everyone” foi especial. Lembrei de todas as noitadas, festas, viagens com amigos, onde ela era a trilha sonora. Os anos de 2005 e 2006 tiveram o “Rest In Sleaze” como um dos discos mais tocados em tudo que participei. Marcou uma época. Amigos antigos se aproximavam, trocavam um abraço e nada precisava ser dito. Foi o hino de uma geração. Minha geração é anterior, mas como eu nunca deixei de viver o underground intensamente, peguei a geração dessa época também.

Lembrei da viagem para vê-los em São Paulo em 2008. Vivendo intensamente, sem limites. Kids of the underground… Lion fazendo turnê com a Jack Laser e a Jack tocando esse som e a gente vivendo a letra da música. Nessa hora, o velho brother Danny Poser, vocal da Jack, se aproximou, me deu um abraço e comentou: “banda no auge! esse é o lance”.

Ele estava certo. É sempre muito legal ver ídolos antigos tocando velhos sucessos em final de carreira, mas nunca é a mesma coisa que ver os caras no palco em seu auge, com toda energia e atitude, com vontade de vencer, rebeldia sem causa, paixão pelo rock´n´roll. É mágico, não dá pra definir.

“Rebel” veio depois e foi arregaçante! Talvez minha música favorita do cd atual. Riff anos 80 destruidor, pegada animalesca. Letra que simboliza a fúria juvenil.

O mais foda do Crash, é que quando eles surgiram, trouxeram tudo aquilo que eu queria ver numa banda: hard rock pesado, visual agressivo, letras rebeldes e tudo feito na melhor forma “old school”. Nada de coisas moderninhas ou “atualizadas”, que estavam rolando na época e a gente engolia e achava sem sal. Era o “hard moderno”. Besteira. Aí surgiram os caras: cabelos loiros, calças de couro, botas, influência da nata e da raiz do estilo. O Crashdïet salvou o hard rock! Que orgulho que eu tenho desses caras!

“Armageddon”, “Bound To Fall” e “Chemical” foram uma ótima sequência de sons novos. Mostrando que a banda ainda tem muita lenha para queimar e que a atual formação está mais afiada do que nunca. A receita musical deles é simples: hard rock cru, direto, pesado e sem frescuras. Músicas curtas e com refrão forte. Virtuosismo não é preciso para fazer o som que a molecada quer ouvir, muitas vezes até atrapalha.

“Straight Outta Hell” foi mais um som do grande “Rest In Sleaze”, com certeza um dos melhores discos de hard rock da história. Mas o melhor estava por vir: “Breakin´ The Chainz”! Minha favorita. Que riff, que refrão! Valeu a noite.

Com o público na mão e a festa garantida, “It´s a Miracle” foi festejada e os sorrisos nos rostos imperavam no Odisséia.

Momentos bacanas e curiosos foram uma jam onde Simon tocou gaita e a conversa descontraída de Eric com o público, onde disse algumas palavras em Português pra delírio da platéia.

O final apoteótico já era esperado: “Tikket” “Queen Obscene / 69 Shots” e “Generation Wild”, o novo hino da banda. À essa altura eu pulava como criança, estava suado e descabelado como há tempos não ficava num show.

Valeu Crashdïet! Principal banda de hard rock dos anos 2000! Kiss nos anos 70, Mötley Crüe nos 80, Skid Row nos 90 e o Crash nos 00. Qual será a grande banda da próxima década? Vamos aguardar e conferir!

TextoThiê Rock
FotosDiego Padilha e Andrei Maurey

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