Bizibeize comenta sobre sua nova fase e da confecção do seu mais novo single
O trio catarinense expõe suas idéias mediante o recém lançado single ‘Nao vai te satisfazer “, que saiu pelo selo Dinamite Records.
Pra sabermos mais sobre esses assuntos que envolvem a nova fase, conversamos com os 3 integrantes do grupo, sendo eles Gustavo, Vitor e Yuri! Confira a entrevista cedida.
P: Desde quando vocês optaram por ser um trio? E o que muda musicalmente com esta nova formação?
Gustavo: Não foi bem essa mudança de formação que acarretou numa outra musicalidade. Talvez até tenha sido o contrário. Em 2019 o bagulho pegou fogo e a gente tocou pra caralho, fez tour em São Paulo, lançou uns clipes irados, e depois de 6/7 anos nesse corre, naturalmente nossas composições e nosso comportamento como banda mudou, e na nossa concepção, evoluiu. Aos poucos, aquela sintonia foda que tínhamos entre nós já não tava mais batendo bem. Tentamos nos alinhar a todo custo, conversamos e discutimos várias vezes, mas por volta de Maio do ano passado, digamos que há exatamente um ano, concordamos a saída do Topete e de uma das guitarras poderia desafogar as coisas, individual e coletivamente.
Yuri Oliveira: Essa nova dinâmica já estava estabelecida há cerca de 1 ano, pouco tempo depois das primeiras medidas restritivas contra a covid-19 serem adotadas. Mas só retomamos as atividades mesmo no final do ano passado. A pandemia acelerou alguns processos internos que já vinham pedindo uma mudança de abordagem há algum tempo. Esse breque forçado nos deu a oportunidade de refletir sobre a trajetória da banda, repensar conceitos e amadurecer os planos pro futuro dessa empreitada. A mudança na formação e a sonoridade do novo single, são as primeiras consequências disso. Nesse novo trabalho a gente buscou explorar uma abordagem um pouco mais melódica que os Eps e singles anteriores, flertando entre elementos do rock alternativo noventista, com uma pitada de heavy rock do fim dos anos 60. Esse lançamento é o nosso primeiro passo na direção de consolidar essa nova dinâmica.
Vitor Graf: Se tornar um trio não foi nada estratégico, foi algo que acabou acontecendo. Quando iniciou a pandemia, a gente decidiu focar em algumas ideias que sempre deixamos em banho-maria por questão de tempo e por conta da agenda de shows e tal. Aproveitamos esse momento pra olhar pra dentro da banda e ver caminhos que já estávamos tomando, tanto sonoramente quanto de posicionamento. E foi quando estruturamos todo esse nosso engajamento. Nesse momento tivemos alguns conflitos internos. Acredito que musicalmente o que mudou não foi por conta de se tornar powertrio, a gente já vinha esboçando e criando outras linhas musicais, porém ainda não tínhamos nada gravado. Pra mim, o que agrada em ser powertrio é a possibilidade de explorarmos o silêncio, trabalhar com momentos calmos e explosivos. Gosto dessa independência que os instrumentos tem para somar cada um na sua esfera, e juntos criarem uma massa sonora.
P: Como vem sendo o feito o processo de composição em meio a pandemia?
Vitor Graf: O processo em si não mudou muito, os primeiros esboços sempre fiz em casa sozinho, gravo no celular toscamente e envio pra banda sacar a ideia, e juntos no ensaio vamos compondo e criando o arranjo da musica. O que mudou é que os ensaios não aconteceram como antes.
Gustavo: Nosso processo de composição não mudou muito com a pandemia não…. Desde sempre, usamos a internet a nosso favor e isso facilita bastante a troca de ideias e a construção dos primeiros detalhes das músicas. O que acontece é bem simples: assim que alguém junta uma nova letra com um novo arranjo, mesmo que de forma simples, compartilha em áudio/vídeo com os outros e o negócio começa a criar forma. “E se a gente dobrar essa introdução? Vamos por um backing vocal aqui? E se esse verso for só com baixo e bateria?”. Na vida normal, se o Vitor nos mandasse uma ideia hoje, amanhã mesmo estaríamos no estúdio ensaiando e trabalhando nela a todo vapor. Em meio a esse caos pandêmico, as ideias e composições não pararam (e em certos momentos até tiveram um fluxo maior), mas infelizmente nos vimos obrigados a parar com os ensaios. Prioridades, né não?!
P: Vocês conseguiram se conectar com o público da banda nesse período?
Gustavo: Mais ou menos. Estivemos sim conectados com a galera que nos acompanha, inclusive muita gente desse nosso público é artista independente, gente que também sofreu e sofre com os mesmos perrengues que nós, então rolou uma articulação da cena inteira, principalmente lá nos primeiros meses de pandemia, pra que bandas e público pudessem continuar trocando ideias, fazendo apresentações e tudo mais. Agora falando especificamente de nós, optamos por uma postura mais reservada. Internamente, tínhamos muito o que conversar, ideias para alinhar e decisões pra tomar. De dezembro/2020 até o dia da gravação, na primeira semana de fevereiro/2020, pudemos ensaiar focados na gravação desse novo single, e aí sim nos sentimos mais firmes pra reatar a nossa boa comunicação com a turma.
Vitor Graf: A gente sempre teve uma frequência e engajamento grande na internet, claro que muito dos conteúdos eram a respeito dos eventos e tal. Confesso que nossa frequência deu uma abalada por conta do interrupção dos shows, mas com certeza também por não nos sentimos a vontade em ficar aleatoriamente criando conteúdos desnecessários apenas para alimentar algoritmo, nosso maior interesse é fazer musica e tocar musica.
P: Nos falem mais sobre este novo single; letra, sonoridade, influências.
Vitor Graf: Essa musica foi criada em meio a pandemia da Covid, primeiro surgiu o riff e naturalmente foi surgindo a letra. É uma musica que aborda um tema mais existencialista introspectivo. Carregada de explosões de energia e momentos de calmaria, Não Vai te Satisfazer traduz um reflexo dessa situação de quarentena, onde é preciso conviver com um turbilhão de sentimentos internos e tentando nos enxergar com olhos externos. A questão de referencias acaba sendo mais sobre todas as músicas do que alguma pontual. Atualmente estamos mais sinceros com o que queremos tocar, nos desprendendo de algum nicho ou estilo musical. Mas se for pra tentar dizer algo, estamos fazendo rocknroll, talvez um rock alternativo, sei lá.
Gustavo: Foi tudo muito rápido. Entre a primeira vez que o Vitor puxou a levada no ensaio, e as primeiras demos gravadas no M.A.U, passaram-se poucas semanas. O engraçado é que quando batemos o martelo e decidimos que o próximo lançamento seria um single, “Não vai te satisfazer” tava bem atrás na fila do pão. Eu mesmo cheguei a dizer “essa aí com certeza não pode ser single hein” hahahaha Mais rápido ainda percebemos que na verdade ela era justamente o que precisávamos. Decidimos lançar um single visando “testar” essa nova fase da banda, tanto internamente quanto perante ao público.
Essa música tem mais de 4 minutos. São tipo 3 riffs diferentes que mais parecem 3 músicas diferentes contando a mesma coisa. Tem andamento com chocalho… Então pô, pra gente que literalmente vive isso há tanto tempo, é uma transição normal: antes o nosso som saía assim, agora sai assado. Mas pra quem conhece a BIZIBEIZE das plataformas digitais, que ouve músicas feitas há 5 anos, 7 anos, ou até mesmo pra quem tá acostumado a colar nas nossas apresentações, certamente vai causar um impacto maior. Sempre gostei das nossas letras pois obviamente me identifico muito com os pontos de vista e questionamentos que levantamos em relação a vida. Vejo isso em quem curte nosso som também. Isso, bem como nossa energia e potência características continuam fortes.
P: Onde foi gravado? E qual a experiência anterior que permitiu a gravação do mesmo?
Vitor Graf: Gravamos a música no HD Music Studio, com o Hique d`Avila, onde já tínhamos feito as musicas 100% Nem Aí e Você só Vive uma Vez. Desde o primeiro encontro com o Hique as coisas deram certo, o bixo é um puta profissional e a dinâmica com a gente fluiu bem, por isso optamos por manter essa parceria. A mixagem do som quem fez foi o Billy Maia, fundador da Dinamite Records – selo que estamos inseridos. O Billy, alem da mix, assinou a produção junto com a gente. Já fazia um tempo que a gente conversava e trocava figurinha sobre as musicas, então quando começamos o processo de pré-produção as coisas já estavam fluindo na mesma frequência, o que foi crucial para o passo que estávamos querendo dar.
A master foi feita pelo Chris Hanzsek de Washington-US, baita produtor que já trabalhou com grandes nomes e pilares da musica, muitos que foram, são e sempre serão extremamente importante para o som que fazemos, como Green River e Melvins. Achamos que esse toque final poderia trazer uma puta finalização que o som precisava.
P: Vocês tomam conta de toda parte estética visual do grupo, o que buscaram traduzir neste novo single.
Vitor Graf: Sempre fomos auto-suficientes e muito forte na parte visual da banda, acredito que foi isso que nos ajudou nessa caminhada desde o inicio da banda. Pra esse novo material não foi diferente o processo de criação. A capa do single tem a intenção de causar o incomodo de um olhar fixo, angustiado, profundo e impaciente. É a profundidade do que estamos compondo e ainda assim trazendo sempre junto a nossa estética.
Gustavo: Cara, sempre tivemos essa atenção grande ao trabalhar a comunicação da banda. Fazer de qualquer jeito sempre incomodou e certamente agora não seria diferente. Por muito tempo, usávamos de uma estética mais cômica, jovem, usando de várias ilustrações iradas feitas pelo Papi e agregando diversas cores. Um bom exemplo é o das baratinhas, que fizeram sucesso haha. Mas já não é de hoje que adotamos uma outra postura, um lance menos divertido e mais sério, menos cores e mais tons de cinza. Mais colagens e menos ilustrações. Tem algo muito legal que o Vitor vem trazendo pras artes, que é um efeito scanner, derretido, borrado. Traz uma vibe mais ácida, corrosiva, parece que os bagulho são do mal hahaha Enfim, a tendência é que os próximos materiais sigam por essa caminho.
Existem novas canções e projeto de um EP ou álbum? Além de videoclipes?
Gustavo: Existem várias novas canções! Algumas julgamos estarem prontas, outras pela metade. Algumas ainda estão só nos esboços iniciais, mas o tesão de trabalhar em cima delas é gigante. Somando tudo, temos por volta de 20 faixas novas. A ideia ensaiar muito, selecionar as melhores e finalmente lançar o primeiro álbum. Temos muito trabalho pela frente. “Não vai te satisfazer” é apenas a primeira de muitas, e certamente vai ganhar um clipasso insano.
Vitor Graf: Junto com Não Vai te Satisfazer foram criadas mais várias musicas, algumas mais finalizadas do que outras. A nossa idéia, e que ja começamos processo de planejamento junto ao selo é para a criação do nosso primeiro álbum cheio.
Quais os planos breves?
Vitor Graf: Além do álbum cheio que ainda esta em processo embrionário, estamos já em contato com a produtora audiovisual Pulso para a criação do videoclipe de Não Vai te Satisfazer. Temos alguns outros materiais engatilhados, mas isso vou deixar de surpresa hahaha.
Gustavo: Bom, temos muito o que fazer em relação ao lançamento do single. São vários dias antes e vários dias depois de divulgação e promoção. Além disso, temos um roteiro de videoclipe pronto, com locação e equipe definidas. São compromissos que estão no nosso calendário e vamos fazer valer todo esse empenho certamente.
Links:
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FONTE: GMF Assessoria